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    BSB 64: Cruzeiro tem quase a mesma idade que Brasília

    Uma das regiões administrativas pioneiras do Distrito Federal, instituída antes mesmo da capital federal, o Cruzeiro completa 65 anos no mesmo ano em que Brasília celebra seus 64. Com cerca de 30 mil habitantes distribuídos pelos cruzeiros Novo e Velho, 52 quiosques gastronômicos espalhados, e uma cultura forte de samba e pagode, o local é considerado por muitos a melhor região para morar.

    “Creio que o samba é a maior marca da cidade, com a escola de samba que é daqui e levou mais títulos de campeã do DF. Além disso, temos o Ginásio do Cruzeiro, que diariamente recebe atividades esportivas e aos fins de semana, o fluxo de pessoas de todos os lugares do Brasil e até do mundo que passam por aqui, é realmente impressionante”, destaca o atual administrador da cidade, Gustavo Aires. “Mas não podemos esquecer de citar os nomes que lembramos ao falar sobre o Cruzeiro, tem o meu pai, Odilon Aires, que foi administrador da cidade entre 1991 a 1993 e teve quatro mandatos como deputado distrital. Tem o Hélio Tremendani, que possui o portal Memória do Cruzeiro e já foi presidente da Aruc. Tem o casal Helenice e Zezinho, do Armarinho Patota, que tem o comércio desde a década de 1970 e tantos outros grandes nomes que fizeram e fazem o Cruzeiro acontecer”, acrescentou Gustavo.

    Concebido como parte do Plano Piloto, o Cruzeiro foi fundado em novembro de 1959. A equipe de Lúcio Costa foi responsável pelo projeto urbanístico do local e do nome inicial, Setor de Residências Econômicas Sul (SRES), atual Cruzeiro Velho. No final dos anos 1960, o setor vizinho, Cruzeiro Novo, deu nova conformação ao desenho urbano, habitado por funcionários do GDF e da iniciativa privada.

    Gustavo Aires

    Morador da cidade desde o nascimento, Raphael Fernandes de Sousa diz ser apaixonado pelo Cruzeiro. “Minha vida foi toda aqui, até mesmo quando morei um período em Taguatinga. Mantive meus estudos aqui e isso até fortaleceu meu laço com a cidade. Depois que voltei, não saí mais. Me envolvi com os grupos da cidade e esse lugar se tornou minha vida”, conta o atual presidente da Aruc (Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro).

    Raphael conta ainda que o diferencial da RA é justamente esse sentimento de união, e o envolvimento geral da população em grupos. “Temos uma forte produção cultural e o maior simbolo disso é a Aruc. Mas temos outras como a aAcademia de Letras, o coral da terceira idade… todos aqui produzem algo e demonstram muito afeto pelo Cruzeiro. Esse senso de pertencimento deixa a cidade com essa característica especial”, pontua o presidente da Associação. “Aqui é arborizado e tem um ar interiorano. Coisas simples marcam muito a nossa convivência comunitária, como os encontros nas feiras ou na própria Aruc”, acrescentou.

    O mesmo sentimento de carinho pela RA existe no servidor público Crhystiano Heliodoro, de 45 anos. “Eu não consigo me imaginar em um lugar melhor para chamar de lar. Escolhi morar pela localização, custo-benefício e logística. É um bairro onde eu encontrei caminhos que unem corações, porque cada esquina tem um novo amigo, um sorriso, um bom dia e, à noite, as coisas ficam ainda mais interessantes com as luzes da cidade mostrando uma comunidade cheia de vida”, relata o cruzeirense.

    Mas nem só de música vivem os moradores da cidade. Há também o Grupo Pellinsky que realiza um belo trabalho social e faz apresentações sobre o folclore brasileiro. Existem os grupos da terceira idade que fazem atividades nos Centros de Convivência do Idoso (CCI), e a RA possui ainda um grande Complexo Esportivo que oferece diversas modalidades de esportes.

    Responsável pelo grupo Pellinsky, Andreoni Pellinsky Cavalcanti Cabral, de 46 anos, conta ao JBr que nasceu na cidade e, por muitos anos, foi carnavalesco. “Cresci e estudei aqui. Conheci muita gente e toda a minha história foi construída aqui. A cidade é muito calma e todo mundo se conhece, desde o comerciante ao delegado de polícia. O cruzeiro é o berço cultural de Brasília”, pondera.

    “Meu grupo já está aqui há 37 anos, é um grupo tradicional cultural e folclórico. O objetivo dele é valorizar nosso folclore e transformar vidas. Levamos projetos para as escolas públicas em parceria com as professoras de artes. Ensinamos danças, música…”, explica. “A cultura resgata com sua beleza! É lindo ver quantas vidas já mudamos. Esse grupo começou numa brincadeira e se transformou em algo gigante. Foi sem pretenção e ingenuidade. A ONG é de 2007, mas o grupo tem 37 anos. Trouxemos para o Cruzeiro por que, na época, aqui ainda era muito simples. Era necessário ter algo na cidade além da Aruc”, relembra Andreoni.

    História

    Apesar de comemorar o aniversário no dia 30 de novembro, sua história começou há muito tempo quando, em 1892, foi criada a Comissão Exploradora do Planalto Central, que tinha como finalidade demarcar a área do futuro Distrito Federal. Conhecida como “Missão Cruls”, foi instalada na atual região do Cruzeiro, o acampamento às margens do córrego do Brejo.

    Em 1955, iniciou a ocupação do atual Cruzeiro, nas terras que formavam a Fazenda Bananal, lá foram abrigados os funcionários públicos federais que chegavam do Rio de Janeiro para trabalhar na construção da nova capital do Brasil.

    Os primeiros moradores da então SER/S, eram funcionários públicos e militares cariocas, que insatisfeitos com o nome do local ser uma sigla, passaram a chamar a região de “Cemitério”, devido ao isolamento do bairro e do aglomerado de casinhas brancas. Logo depois, a fim de homenagear os cariocas que ali moravam e por conta do grande número de gaviões vermelhos que estavam sempre presentes, o local passou a ser chamado de “Bairro do Gavião”.

    O nome Cruzeiro só surgiu depois, quando a comunidade manifestou sua vontade de colocar um nome mais adequado. Um dos argumentos era que o bairro ficava próximo à Cruz do Cruzeiro, onde foi celebrada a primeira missa de Brasília, em 3 de maio de 1957. O outro argumento utilizado é que existia uma linha de ônibus que fazia o trajeto do local da Cruz até o Gavião. A partir disso, a RA-XI passou a ser chamada de Cruzeiro.

    No Decreto nº 10.972, de 30 de dezembro de 1987, no governo de José Aparecido de Oliveira, o dia 30 de novembro de 1959 ficou declarado como data oficial da fundação do Cruzeiro, sendo comemorado nesta data o aniversário da cidade.

    Samba

    Seja nos botecos, nas praças, nas calçadas, ou na quadra, o samba reina. Cenas que envolvem rodas formadas por várias cadeiras, com boa cerveja e tira-gostos são comuns no Cruzeiro, cidade conhecida como reduto de cariocas, a maioria militares, funcionários públicos e seus familiares transferidos na época da construção da nova capital.

    Alguns espaços do Cruzeiro são tidos como redutos absolutos na cidade. Um dos mais antigos e conhecidos é o Bar Gandaia, na Feira Permanente do Cruzeiro. Um outro ponto de destaque no Cruzeiro é o Círculo Operário, que, às sextas-feiras, agrega sambistas e pagodeiros numa autêntica roda de samba, sem microfone ou outro equipamento ligado.

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