O primeiro voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que vai resgatar brasileiros no Líbano parte da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ), nesta quarta-feira (2/10). A viagem faz parte da operação Raízes de Cedro, que vai repatriar nacionais que manifestaram interesse em voltar para o Brasil após a escalada nas tensões entre Israel e o Hezbollah.
Até essa terça-feira (1º/10), 3 mil pessoas haviam solicitado ajuda do governo brasileiro para sair do país, que é alvo de bombardeios. Neste primeiro voo, a previsão é trazer de volta 220 brasileiros. A aeronave KC-30 deve fazer uma escala em Lisboa, em Portugal, e depois partirá para o aeroporto de Beirute. Os detalhes sobre o voo de volta ainda não foram divulgados.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que a retirada ocorrerá em ordem de prioridade, com preferência para mulheres, crianças, idosos e enfermos. “[Os interessados] têm que manifestar um desejo definitivo de vir. Evidentemente, vai se dar prioridade às pessoas de idade, às mulheres, às senhoras, às mulheres grávidas, às crianças, os que estejam doentes, os que precisarem mais”, explicou o ministro.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), além dos tripulantes, a equipe de resgate vai contar com militares da área de saúde (médico, enfermeiro e psicólogo) para dar suporte aos repatriados.
A aeronave KC-30, que fará o resgate dos brasileiros, é um Airbus A330-200, o maior avião da frota da FAB. O modelo também foi usado na repatriação de nacionais da Faixa de Gaza, no ano passado, quando eclodiu o conflito entre Israel e Hamas. O avião tem capacidade para até 238 passageiros, 45 toneladas de cargas e pode voar uma distância de 14,5 mil quilômetros.
Cobranças
Servidores do Itamaraty e brasileiros no Líbano criticaram a demora do governo brasileiro para anunciar um plano de evacuação da área. Além dos mais de 3 mil cidadãos do Brasil, outros 9 servidores do MRE também entraram em contato para tentar a viagem dos familiares em segurança de volta ao Brasil.
Na segunda-feira (30/9), o Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) expressou sua preocupação e ressaltou o “crescente temor entre a comunidade brasileira no país”.
Questionado por jornalistas, Lula reforçou que irá repatriar de onde for necessário e criticou as ações das forças israelenses.
“Vamos fazer isso no lugar que for preciso. O que lamento é o comportamento do governo de Israel. É inexplicável que o Conselho da ONU [Organização das Nações Unidas] não tenha autoridade moral e política de fazer com que Israel sente numa mesa para conversar ao em vez de só saber matar”, falou.
Ao menos cinco brasileiros morreram desde o começo dos bombardeios de Israel na área, em 23 de setembro. Dois deles eram adolescentes.